O setor brasileiro de árvores cultivadas adota práticas inovadoras para otimizar o uso de recursos naturais e minimizar o desperdício, pautando-se nos princípios da economia circular. A implementação dessa abordagem ocorre em larga escala, abrangendo desde o plantio até o pós-consumo dos produtos.
As empresas do setor de árvores plantadas adotam como prática a gestão rigorosa de resíduos sólidos de suas atividades, tanto florestais quanto industriais, visando reduzir a geração e assegurar a melhor destinação possível dos mesmos, atendendo aos requisitos legais e de certificação relativos ao assunto.
Foto: economia circular
boa parte dos resíduos sólidos das atividades florestais como cascos, galhos e folhas são mantidos no campo como proteção e adubação do solo.
Cascos, galhos e folhas ainda se juntam aos resíduos florestais, como serragem e licor preto, e são destinados para a geração de energia, eliminando a utilização de combustível fóssil.
Destaque para o uso do licor preto, um subproduto da fabricação de celulose, que é transformado em bioenergia, reduzindo a dependência de fontes fósseis e melhorando a matriz energética das empresas. Além disso, resíduos como cascas e cavacos são utilizados como biomassa para geração de energia, tornando as operações autossuficientes em energia renovável.
Ainda, resíduos das atividades industriais, como aparas de papel, lama de cal e resíduos não perigosos, são reutilizados como matéria-prima por outros setores industriais. Alguns exemplos são a transformação de cinzas em fertilizantes para o solo, a recuperação dos químicos usados na fabricação de celulose na caldeira e o reaproveitamento de aparas de papel.
o setor se destaca pela reciclagem de papéis usados em embalagens. As embalagens de papel, papelcartão e papelão são sustentáveis, de matéria-prima renovável e de fácil reciclagem. No entanto, há um limite para a reciclagem de papéis, determinado pela quantidade de vezes que a fibra pode ser reciclada e pela necessidade de adicionar fibras novas para garantir a qualidade dos produtos.
A reciclagem envolve uma cadeia que começa na separação dos resíduos sólidos pelos cidadãos, passando pela coleta, triagem e preparação do material recolhido que, em seguida, é encaminhado à indústria para que seja transformado em nova matéria-prima. Sob o ponto de vista econômico, a atividade reduz os custos de produção, distribui riquezas e promove a recuperação de matérias-primas que serão novamente inseridas no ciclo de consumo.
Hoje, uma parcela da população brasileira é atendida por serviços municipais de coleta seletiva, e parte desses programas tem a participação de cooperativas de catadores. É importante salientar que a maior parte do material é encaminhado à indústria do segmento por meio do trabalho dos aparistas.
A reciclagem poderia ser ainda maior com políticas públicas inovadoras e maior organização dos trabalhadores que recolhem os materiais e novas atitudes do consumidor.
Para aprofundar as contribuições para o desenvolvimento sustentável e colaborar com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) do governo federal, no que tange sistemas de logística reversa de embalagens em geral, diversos setores da indústria brasileira com atividades afins, com a participação da Ibá, se uniram para elaborar uma proposta de acordo, na qual assumiram um compromisso voluntário de instituir um sistema de logística reversa para embalagens visando à redução de resíduos secos recicláveis.
A PNRS estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos por parte da cadeia produtiva na gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos. Até 2031, a meta do governo federal é diminuir em 45% a fração seca destes resíduos dispostos em aterros.
O setor de árvores cultivadas tem um histórico em logística reversa bastante positivo, com fortes investimentos em práticas sustentáveis, algo que impacta toda a cadeia produtiva, das plantações aos produtos acabados que chegam ao mercado. Prova disso é o alto índice de recuperação de papel, que faz do Brasil um dos maiores recicladores de papel do mundo.
Existe um limite máximo de capacidade de reciclagem dos diferentes tipos de papel que depende de alguns fatores como: quantidade de vezes que a fibra poderá ser reciclada, a necessidade de adição de fibra virgem no processo de reciclagem assegurando padrões mínimos de qualidade, além do fato de que nem todo papel produzido retorna à cadeia, como livros, documentos e caixas utilizadas para guardar objetos.
Outra iniciativa de destaque do setor visa incentivar o não desperdício. Muitas empresas do setor declaram promover iniciativas “Aterro Zero”, que buscam eliminar o envio de materiais para aterros, promovendo práticas mais sustentáveis de gestão de resíduos. Para alcançar suas metas de redução até 2030, muitas organizações estão investindo em coprocessamento, coleta seletiva e compostagem.
Com essas práticas sustentáveis, a indústria de árvores cultivadas se consolida como um exemplo de circularidade. Desde a gestão rigorosa dos resíduos até a inovação em logística reversa, o setor está comprometido com o futuro das matérias-primas renováveis e recicláveis, contribuindo para a descarbonização da economia e a construção de um ambiente sustentável.
Com o objetivo de disseminar boas práticas, contribuir para o acesso à informação, orientando o público de interesse sobre o descarte adequado de resíduos da construção civil, a Ibá produziu e divulgou, em conjunto com diversos parceiros, a cartilha “Gerenciamento de Resíduos de Madeira Industrializada na Construção Civil”, e o infográfico “Reciclagem do papel; do cidadão à indústria” que busca incentivar essa prática no dia a dia da população.