Foto: Ibá biodiversidade
Desde a década de 1970, a indústria brasileira de árvores cultivadas vem demonstrando seu comprometimento com a conservação dessa biodiversidade, intensificando suas ações ao longo dos anos, especialmente com a crescente inclusão deste tema nas estratégias de empresas e governos.
Entre as iniciativas mais impactantes, destaca-se a produção integrada à conservação, por meio de plantios em mosaico e a criação de corredores ecológicos, intercalando áreas produtivas com áreas de preservação. O setor também expande anualmente o uso sustentável de áreas degradadas por outras culturas ou manejos equivocados, contribuindo para a restauração do equilíbrio socioambiental. O investimento contínuo em pesquisa e manejo da fauna, flora e paisagem reforça o compromisso com a preservação e recuperação da biodiversidade.
As práticas adotadas pelas empresas de base florestal estão totalmente conectadas às metas globais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as metas do Marco Global da Biodiversidade da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) e o Plano Estratégico do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas (United Nations Forum on Forests – UNFF). Dentro desse contexto, o setor brasileiro de árvores cultivadas soma esforços para construir um país baseado nos valores de uma economia de baixo carbono e sustentável.
Um levantamento realizado pela Ibá revelou que 100% das empresas com base florestal monitoram a biodiversidade. Há décadas, essas empresas investem em programas de monitoramento, com alguns iniciados na década de 1970, gerando dados cruciais para o aprimoramento das práticas de manejo florestal e a preservação da biodiversidade. O compromisso do setor é reforçado por dados robustos de monitoramento ambiental, que demonstram como a adoção de práticas sustentáveis impacta positivamente a biodiversidade.
O monitoramento da fauna e flora permite identificar se as práticas de manejo florestal estão impactando a biodiversidade. Caso seja percebida alguma alteração negativa, as estratégias são revisadas. É importante ressaltar que o monitoramento ocorre tanto nas áreas de conservação quanto nas áreas de plantios comerciais, onde diversas espécies da fauna já foram registradas utilizando as áreas cultivadas para trânsito ou abrigo.
O trabalho de monitoramento é realizado por equipes multidisciplinares, que incluem especialistas das próprias empresas, consultorias especializadas e parcerias com universidades e instituições de pesquisa. Aproximadamente 70% das empresas reportaram que essas parcerias têm contribuído para a formação de novos profissionais e para a geração de dados valiosos, que resultam em publicações científicas, monografias e teses. Nos últimos cinco anos, mais de 50 estudos sobre biodiversidade (entre artigos, dissertações e teses) foram publicados em parceria com empresas do setor florestal.
Além disso, novas espécies anteriormente desconhecidas pela ciência foram descritas, como Ocotea mantiqueirae, Tocoyena atlantica e Cnesterodon hypselurus. Insetos ainda em fase de identificação também fazem parte desse processo. O monitoramento tem revelado a presença de espécies sem registros anteriores em determinadas regiões, como a ave Forpus sclateri (tuim-de-bico-escuro), no Maranhão, e o macaco Brachyteles arachnoides (muriqui-do-sul), que está ameaçado de extinção, em Minas Gerais.
Para aumentar a transparência e dar visibilidade às ações do setor, a Ibá iniciou, em 2019, uma ampla coleta de dados sobre a biodiversidade junto às empresas associadas. No total, 23 empresas associadas à Ibá compartilharam informações, abrangendo 12 estados e mais de 220 municípios.
Esse levantamento registrou mais de 8.310 espécies da biodiversidade (incluindo flora, mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, invertebrados e fungos), distribuídas em cinco biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa. Os principais grupos monitorados são a flora e a fauna, com destaque para aves e mamíferos, além de herpetofauna (anfíbios e répteis). Na flora, foram registradas 5.450 espécies, enquanto na fauna, mais de 2.800, reforçando a importância essencial do setor para a conservação da biodiversidade.
Em biomas ameaçados, como a Mata Atlântica e o Cerrado, o monitoramento de espécies revelou que 38% dos mamíferos e 41% das aves ameaçadas foram encontradas, além de 161 espécies de anfíbios, 174 de répteis e 241 de mamíferos.
Vale ressaltar que o registro de espécies demanda o envolvimento direto de profissionais especializados em cada grupo monitorado, assegurando a precisão das informações inseridas nos bancos de dados dos programas de monitoramento.
Contribuindo diretamente para o cumprimento de metas internacionais, como as metas do novo Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, lançado na COP15 da Biodiversidade que incluem metas focadas na restauração, recuperação e conservação de espécies, serviços ecossistêmicos, entre outros.
A contribuição do setor para a conservação da biodiversidade vai além de números. Envolve a gestão do conhecimento, a capacitação técnica e a participação ativa no desenvolvimento de políticas públicas. O trabalho conjunto com o governo no combate ao desmatamento e na criação de Unidades de Conservação é essencial para garantir um modelo de desenvolvimento econômico baseado em uma economia de baixo impacto ambiental e na preservação dos recursos naturais. O futuro da biodiversidade brasileira depende do esforço contínuo do setor florestal e da sociedade para garantir a coexistência entre produção e preservação, assegurando um legado ambiental para as próximas gerações.